domingo, agosto 10, 2025

«Ulises», de Fernando Pessoa

Traducción de Juan Carlos Villavicencio




El mito es la nada que es todo. 
El mismo sol que abre los cielos 
es un mito brillante y mudo – 
El cuerpo muerto de Dios, 
desnudo y vivo.

Este, que llegó a puerto aquí,
fue por no ser existiendo. 
Nos bastó sin existir.
por no haber venido vino
y nos creó.

Así la leyenda fluye
al entrar en la realidad, 
y al fecundarla, sucede. 
Abajo, la vida, la mitad 
de nada, muere.



en Mensagem, 1914













Ulisses

O mito é o nada que é tudo. / O mesmo sol que abre os céus / É um mito brilhante e mudo — / O corpo morto de Deus, / Vivo e desnudo. // Este, que aqui aportou, / Foi por não ser existindo. / Sem existir nos bastou. / Por não ter vindo foi vindo / E nos criou. //  Assim a lenda se escorre / A entrar na realidade, / E a fecundá-la decorre. / Em baixo, a vida, metade / De nada, morre.











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