viernes, enero 06, 2012

"El guardador de rebaños", de Alberto Caeiro

XVI / Traducción de Juan Carlos Villavicencio



Ojalá mi vida fuese un carro de bueyes
que rechinara 
por el camino, temprano al amanecer,
que de donde ha venido por el mismo camino
casi al anochecer después regrese.

Yo no debería tener esperanzas – sólo debería tener ruedas...
Mi vejez no tendría arrugas ni cabello blanco...
Cuando ya no sirviese, me quitarían las ruedas
y quedaría volcado y roto en el fondo de un barranco.

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4 de marzo, 1914







Pintura: Manuel Martín Morgado








en El guardador de rebaños,
Descontexto Editores, 2018





















 


XVI

Quem me dera que a minha vida fosse um carro de bois / Que vem a chiar, manhaninha cedo, pela estrada, / E que para de onde veio volta depois / Quase à noitinha pela mesma estrada. // Eu não tinha que ter esperanças — tinha só que ter rodas... / A minha velhice não tinha rugas nem cabelo branco... / Quando eu já não servia, tiravam-me as rodas / E eu ficava virado e partido no fundo de um barranco. 







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